Localizada dentro de uma propriedade familiar com cerca de 456 mil m², na Gávea, Rio de Janeiro, a casa do artista plástico Raul Canto e Mello é um verdadeiro achado. Em meio a Mata Atlântica, a construção é completamente integrada com a natureza e surpreende em cada pequeno detalhe.
A história do local começou com o pai do artista plástico, que comprou a propriedade no início dos anos 1970 – quando a área passava por um processo de ocupação – impedindo, assim, que o terreno fosse devastado.
Anos após a morte de seu pai, foi apenas em 1996 que Raul decidiu se instalar no local. “Eu resolvi construir uma casinha, para poder tomar conta da propriedade toda. Vim morar com a minha mulher e meus dois filhos, que eram pequenos na época”, conta o proprietário, de 70 anos.
No entanto, foi por volta de 2005 que um detalhe incomum marcaria de vez a história da propriedade. Passando por um momento de muitas mudanças, com o fim de seu casamento, Raul decidiu comprar um trailer para continuar morando por lá, deixando sua antiga casa para sua ex-esposa. Mas a acomodação inusitada acabou crescendo.
“Eu senti a necessidade de fazer algumas coisas no entorno dele, que já estava um pouco apertado para mim”, relembra sobre o trailer. “Fiz a sala, fiz a cozinha, fui aumentando, fiz a suíte e aí ficou o trailer dentro. A minha dúvida era se eu tirava ou se o deixava na sala, mas eu resolvi deixar e isso foi um sucesso“, ainda conta, revelando ter tirado toda a tinta da lataria, o deixando na cor de alumínio para que se integrasse ainda melhor ao novo ambiente.
Apesar da construção em um terreno de proteção ambiental, Raul revela nunca ter cortado uma árvore sequer, pelo contrário. “Essa área era degradada, era um bananal gigantesco que estava se espalhando pela Mata Atlântica. Então eu cortei o bananal inteiro e deixei crescer a grama, além de plantar árvores. Plantei pau-brasil, pau-mulato, palmeiras e ficou um jardim bonito. É só você não mexer que o jardim cresce sozinho, mas eu dei uma força, plantei árvores nativas“, afirma.
Para o projeto da casa, o artista plástico tinha uma ideia em mente. “A minha preocupação foi de não fazer um tipo de construção que se destacasse mais do que a natureza“, revelou o proprietário. .
Desta forma, Raul decidiu utilizar madeiras de eucaliptos de reflorestamento, além de uma cobertura de piaçava proveniente do sul da Bahia. Esta última, sendo inspirada por uma das inúmeras viagens que marcaram a sua vida.
“Sempre fui morador da Gávea. Eu viajava muito com os meus pais pelo mundo afora […] Eu sempre vi coisas bonitas e fui somando. Quando eu tinha 28 anos, eu fui para Bali, na Indonésia, onde eu vi casas lindas e resolvi fazer alguns bangalôs balineses aqui“, conta.
“Eu acho que tem tudo a ver com a floresta e não interfere na parte ecológica, porque são de piaçava, orgânicas. Então combinou bem com a área“, ainda completou.
Nos detalhes internos do ambiente, Raul também focou no reaproveitamento em seu projeto, utilizando janelas e portas de demolições que ele conseguiu encontrar pelo Rio de Janeiro. Até mesmo os painéis de vidro utilizados na construção, o artista plástico encontrou uma solução ecológica, reaproveitando as vitrines de shoppings.
“Quando eles vendem uma loja para outra pessoa, eles fazem um projeto diferente e tiram aqueles painéis de vidro. Aquilo fica guardado para ser jogado fora […] Não tem como você reaproveitar, a não ser que você use os painéis de vidro para construção de uma nova casa”, explica.
E foi exatamente isso que ele fez. Graças aos painéis do Shopping da Gávea e do Città America, localizado na Barra da Tijuca, sua construção se tornou ainda mais sustentável. Já um dos ambientes de maior destaque da casa, a porta principal que liga ao deck, foi graças a um amigo, dono de um restaurante, que ofereceu os grandes painéis de blindex.
Desta forma, Raul conseguiu contornar o problema da claridade. Devido à mata fechada, foi necessário muitas paredes de vidro e clarabóias para que a luminosidade pudesse entrar nos ambientes – algo que também permitiu que a natureza ficasse muito mais próxima.
Até mesmo nos pequenos detalhes, o artista plástico fez questão de imprimir uma identidade ecológica. “As luminárias da casa, abajures e lustres fui eu que fiz com resto de madeiras secas, jabuticabeiras, madeiras caídas na floresta“, revela e ainda acrescenta. “Eu gosto deste movimento, de uma coisa rústica integrando com a natureza“.
A riqueza de cuidados até mesmo nos menores detalhes tornaram a Casa do Trailer um lugar inesquecível para quem visita. “As pessoas adoram! Eu tenho recebido muitos estrangeiros, recebo muita gente dos EUA, Europa e alguns artistas”, conta Raul, que já hospedou Juliana Paes e o casal de atores Sérgio Guizé e Bianca Bin.
Presente até mesmo em capas de revistas estrangeiras, o proprietário garante que não faltam qualidades que façam com que as pessoas tenham uma ótima hospedagem no local. “É uma casa fácil de viver, porque não tem vários quartos. Tem um quarto e uma sala, além de uma porta de correr enorme que divide as duas coisas. Quando tem muitas pessoas nela, basta abrir e aumentar o espaço”, explica.
Desde a piscina com água natural de uma mina até a interação com os macacos-pregos da região – que vez ou outra aparecem – a casa é a prova de uma construção que se adaptou à natureza e não o contrário.
Ao elencar o seu lugar favorito na construção, Raul ressalta os detalhes aconchegantes da suite. “Eu fiz ela especial. Uma cama king size com uma cobertura em cima jogando luz, que permite você ler um livro deitado. Dá um aconchego”, indica orgulhoso. .
Ainda assim, a cozinha e o deck também ganham destaques. “A cozinha é gostosinha. Pequena, mas muito gostosa. E tem o deck com vista para o mar”, pontua, descrevendo a vista. “Você está em uma floresta e você olha para frente: você vê o mar entre as árvores. É um lugar especial, essa casa é muito especial”.
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