Projeto

Casa Pernambuco

Quatro eixos virtuais perpendiculares à rua pública organizam os espaços de distinta natureza dentro de um mesmo envoltório. Nesse esquema percebemos um eixo central vazio que articula duas metades e um terceiro elemento ao fundo que acaba de recintar o pátio posterior. O serviço do lado esquerdo, voltado à face sul, conecta a rua à área que mais avança sobre o muro posterior. Ambientes funcionais e circulação direta são fortes características dessa zona dentro da residência. Essa linearidade faz com que toda a cozinha e churrasqueira, área que chamo de recreio, estejam voltadas para os demais espaços de convivência. À direita, a sucessão de três salas cria um único grande salão cortado apenas pela escada de acesso ao superior. Essa intervenção foi feita de maneira estratégica, pois além de recintar os ambientes que a rodeiam, cria um atalho direto entre dormitórios e serviços. Ao centro, um longo eixo vazio de circulação faz a conexão visual em toda a extensão longitudinal caixa d’água que recebe a luz natural e marca esse eixo central como uma exceção. Ao passo que a transparência do vidro deixa entrar a luz do sol, a exaustão natural proporcionada pelas duas venezianas junto a essa cobertura elimina o ar quente que sobe pela sua menor densidade.  O deck linear acompanha a piscina raia em todo seu comprimento até tocar em um pequeno pavilhão que está ao fundo do terreno. Nele, funções complementares dialogam com o contexto onde estão inseridas e convertem esse intervalo em cenário de tensão entre a casa e o próprio pavilhão. Uma dualidade entre o “ver” e o “ser visto” qualifica e dissolve a noção de anexo arquitetônico.  O pavimento superior abriga quatro suítes com marcada simetria nos dois eixos perpendiculares que se interceptam no hall de distribuição central. Uma luz lateral adentra o espaço a partir da abertura zenital em cima do pé-direito duplo ao qual esse hall debruça.  As aberturas estão projetadas em respeito à insolação e ao grau de privacidade desejado pelos clientes. Aos vizinhos laterais, as empenas são praticamente cegas, pois apenas temos circulações verticais e banhos, ao passo que são bastante transparentes nas outras duas faces. A lógica dos vãos regulares facilitou muito os cálculos estruturais e a execução da obra, pois um mesmo procedimento construtivo pôde ser adotado para o edifício inteiro.  

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